Fiquei louca porque realmente acredito que toda idade tem sua beleza e que isso não é um privilégio da juventude. A sessão de beleza trazia uma matéria sobre cabelos brancos (Grey Metters um depoimento da editora da revista Sarah Harris ,que na época tinha 26 anos,sobre seus grisalhos ) eu, cabelereira por opção e vocação, comecei instantaneamente a pesquisar o assunto e discuti-lo abertamente com as minhas clientes. Conversando com a Milene Zardo que é apresentadora de um programa chamado EstiloModa,propus o assunto como pauta, ela se interessou e produziu a mais ou menos 2 meses atras o material abaixo que foi ao ar no ultimo dia 3, onde pude contar com o depoimento de uma cliente muito especial, Diana Corso. O texto depois do video também é dela e está em sua coluna na revista TPM.
Hoje folheando a minha nova Vogue Brasil, para minha surpresa e felicidade encontrei um artigo com o mesmo tema.
Oba!Mais um tabu sobre beleza começa a cair!!!
Gris
Diana Corso*
Estou reconciliada com meus cabelos. Os anos de litígio encerraram-se com um acordo diplomático. Não bastasse a cor original, um castanho sem graça e os fios grossos e indomáveis, ainda os brancos tomaram conta da cabeça aos trinta. Durante as décadas de discórdia, as batalhas incluíram todos os tons de vermelhos, cobres e mechas possíveis e imagináveis. Cansada das labaredas vermelhas dessa guerra de tintas, decidi parar de pintar faz uns quatro anos. Foi extremamente difícil achar um profissional que comprasse essa idéia, hoje é charmoso, moda em Nova York, mas na época, em Porto Alegre, era esdrúxulo. Deixando a cor natural e cuidando da saúde dos fios, resultou um cinza prateado e macio que me agrada demais. O cabelo deixou de ser um problema, mas surgiram outros.
Jamais fui uma beldade de parar o trânsito, mas de garota tive direito aos olhares que toda mocinha bem proporcionada tem. Com o passar dos anos, aquilo que é moeda corrente para qualquer adolescente, torna-se ouro para uma mulher adulta: ser capaz de despertar algum olhar de desejo, dispensado por um desconhecido na rua, nos corredores do supermercado, na fila do cinema.
Estão equivocadas aquelas que esperam que disso nasça uma história de amor, é um mero exercício de fantasia. Nós sabemos por que também o praticamos. Quando vemos alguém interessante, criamos uma novelinha que inclui a inserção do sujeito numa escala classificatória. Esse é do tipo Clooney, coroa mulherengo; esse é chamativo, mas é do tipo que aprecia os próprios peitos no espelho; esse é um Brad Pitt, lindo e bacana, pena que nunca serei uma Angelina; esse é um cara charmoso, mas sério, tipo bom marido fiel; esse é bonito, mas é gay; esse é, humm, atraente, mas tem jeito de maluco...
Em geral, nós mulheres olhamos discretamente e apreciamos criticamente. O que mais nos interessa é participar da fantasia de um desses, na verdade serve qualquer, porém, quanto mais valioso o produto, maior é a cotação de ser notada por ele. Assim como nós, os homens olham por curiosidade e para afirmar sua identidade. Eles tendem a ser mais explícitos, faz parte de seu papel imaginar-se caçadores, fantasiar conquistas que nem sempre são acompanhadas de vontade, tempo ou energia para efetivar.
Quanto mais inseguros formos, mais tendemos a gostar do óbvio, como homens grandes e amplos, mulheres com peitos sempre alertas e longos cabelos lisos. Se somos vistos em companhia de um macho ou de uma fêmea explícitos, no vigor da idade, logo ficamos confirmados em nosso valor social. É uma questão apenas de imagem, mas o que não é? Lá onde parecia tratar-se apenas de desejo, é de auto-imagem que estamos falando!
Esse é, então, o único problema dos cabelos grisalhos. O que ajuda é que aquele que mais me interessa acha lindo, mas é uma escolha difícil essa de gostar-se na contramão do senso comum. É uma outra forma de sentir-se interessante, embora não seja jogar para a torcida. Não serve para levantar o entusiasmo do pessoal das obras, mas mesmo assim recomendo.
Estou reconciliada com meus cabelos. Os anos de litígio encerraram-se com um acordo diplomático. Não bastasse a cor original, um castanho sem graça e os fios grossos e indomáveis, ainda os brancos tomaram conta da cabeça aos trinta. Durante as décadas de discórdia, as batalhas incluíram todos os tons de vermelhos, cobres e mechas possíveis e imagináveis. Cansada das labaredas vermelhas dessa guerra de tintas, decidi parar de pintar faz uns quatro anos. Foi extremamente difícil achar um profissional que comprasse essa idéia, hoje é charmoso, moda em Nova York, mas na época, em Porto Alegre, era esdrúxulo. Deixando a cor natural e cuidando da saúde dos fios, resultou um cinza prateado e macio que me agrada demais. O cabelo deixou de ser um problema, mas surgiram outros.
Jamais fui uma beldade de parar o trânsito, mas de garota tive direito aos olhares que toda mocinha bem proporcionada tem. Com o passar dos anos, aquilo que é moeda corrente para qualquer adolescente, torna-se ouro para uma mulher adulta: ser capaz de despertar algum olhar de desejo, dispensado por um desconhecido na rua, nos corredores do supermercado, na fila do cinema.
Estão equivocadas aquelas que esperam que disso nasça uma história de amor, é um mero exercício de fantasia. Nós sabemos por que também o praticamos. Quando vemos alguém interessante, criamos uma novelinha que inclui a inserção do sujeito numa escala classificatória. Esse é do tipo Clooney, coroa mulherengo; esse é chamativo, mas é do tipo que aprecia os próprios peitos no espelho; esse é um Brad Pitt, lindo e bacana, pena que nunca serei uma Angelina; esse é um cara charmoso, mas sério, tipo bom marido fiel; esse é bonito, mas é gay; esse é, humm, atraente, mas tem jeito de maluco...
Em geral, nós mulheres olhamos discretamente e apreciamos criticamente. O que mais nos interessa é participar da fantasia de um desses, na verdade serve qualquer, porém, quanto mais valioso o produto, maior é a cotação de ser notada por ele. Assim como nós, os homens olham por curiosidade e para afirmar sua identidade. Eles tendem a ser mais explícitos, faz parte de seu papel imaginar-se caçadores, fantasiar conquistas que nem sempre são acompanhadas de vontade, tempo ou energia para efetivar.
Quanto mais inseguros formos, mais tendemos a gostar do óbvio, como homens grandes e amplos, mulheres com peitos sempre alertas e longos cabelos lisos. Se somos vistos em companhia de um macho ou de uma fêmea explícitos, no vigor da idade, logo ficamos confirmados em nosso valor social. É uma questão apenas de imagem, mas o que não é? Lá onde parecia tratar-se apenas de desejo, é de auto-imagem que estamos falando!
Esse é, então, o único problema dos cabelos grisalhos. O que ajuda é que aquele que mais me interessa acha lindo, mas é uma escolha difícil essa de gostar-se na contramão do senso comum. É uma outra forma de sentir-se interessante, embora não seja jogar para a torcida. Não serve para levantar o entusiasmo do pessoal das obras, mas mesmo assim recomendo.
*Psicanalista, tem 46 anos. Vive em Porto Alegre, tem duas filhas e escreve quinzenalmente no jornal Zero Hora. Tem uma coluna na revista TPM e um blog que todas merecemos ler chamado Terra do Nunca.